Trombose: Dados mostram os grupos que tem grande chance de desenvolver a doença

 Hoje venho abordar um tema que é relacionado a saúde. Cuidar de sí mesmo não é apenas estar bem estéticamente e sim, evitar males posteriores. Por isso, hoje vim trazer para vocês a matéria da Eliane Honorato que é super interessante e com dados muito preocupantes. Você sabe o que é trombose? Quem tem probabilidade de ter? Não? Então leia esse post até o final que você vai entender a importancia de prezar pela saúde e bons hábitos. 

  Pesquisa mostra que 41% das pessoas do grupo médio de risco em desenvolver
 trombose venosa profunda desconhecem a prevenção 


 Diversos fatores de risco promovem a formação da trombose venosa como, por exemplo, a obesidade, pílulas anticoncepcionais, tabagismo, repouso prolongado e infecções gastrointestinais. Ela surge no vaso sanguíneo que possui a função de retornar o sangue ao pulmão e coração, após circular nos tecidos do corpo. A falta de tratamento pode gerar uma embolia pulmonar. 

 De acordo com IBOPE, o Sistema Único de Saúde (SUS) mostra que entre janeiro de 2008 e agosto de 2010, o número de pessoas internadas no Brasil com trombose venosa profunda e sua principal complicação, a embolia pulmonar foi de 85.772 pessoas. A taxa de mortalidade apresentou um total de 2,38%. Entre este período a pesquisa apresenta um gasto de R$46.673.330,73 com internações por tromboembolismo venoso.

 A porcentagem de pessoas que se encontram no grupo de risco baixo que desconhecem o risco de desenvolver a doença é de 75% e 55% nunca ouviram falar de trombose. Já as pessoas que estão no grupo médio, 61% conhecem a trombose, mas 41% desconhecem as medidas de prevenção. Das que estão no risco alto, 65% tem o conhecimento da trombose, mas apenas 5% consideram que tem alto risco de desenvolver trombose. 

 O médico especialista em cirurgia vascular e endovascular, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Dr. Rogério Abdo Neser relata sobre diversos aspectos da Trombose Venosa Profunda como seu desenvolvimento, seus sintomas, tratamento, complicações e prevenções. 


(#PingPong) Eliane Honorato: Como desenvolve a Trombose?

Rogério Abdo Neser: A formação de coágulos é um evento normal e deve ocorrer para que pequenos ferimentos que podem ocorrer durante a vida não se transformem em uma catástrofe e leve à hemorragias incontroláveis. Quando esse fenômeno acontece dentro de um vaso sanguíneo e interrompe a circulação, chamamos trombose. Se ocorrer em uma veia, denomina-se de trombose venosa, e a localização mais frequente é no sistema venoso profundo dos membros inferiores (perna e coxa).


Eliane Honorato: Quais são os sintomas da Trombose Venosa Profunda (TVP)? 

Rogério Abdo Neser: Geralmente esses eventos ocorrem nas veias dos membros inferiores (pernas) e podem ser assintomáticos (sem sintomas) ou muito desconfortáveis, dependendo da extensão do trombo. Coágulos pequenos e localizados em veias de menor importância para a circulação podem passar despercebidos e a pessoa nem desconfiar da trombose. Já coágulos extensos e que acometem grandes segmentos venosos podem gerar um desconforto muito grande. Os sintomas clássicos são o edema (inchaço) e dor na perna acometida. A característica da dor é muito importante, pois não é qualquer tipo de dor que leva à suspeita de uma TVP. Habitualmente a dor decorrente da TVP é como um peso e cansaço que geralmente aumentam ao longo de dois ou três dias. Caso o inchaço acompanhe a dor, sem melhora ou com pouca melhora no decorrer deste período, fique atento e procure um cirurgião vascular. O evento geralmente se desenvolve em um dos membros; raramente a TVP acontece nas duas pernas ao mesmo tempo.


Eliane Honorato: Quais são os fatores de risco?

Rogério Abdo Neser: Em geral, a trombose venosa está associada a um fator predisponente, que chamamos de fator de risco para trombose venosa profunda (TVP). A TVP, caracteristicamente, é um problema relacionado a pacientes hospitalizados, o que não quer dizer que seja privilégio somente de pacientes internados. Pode ocorrer em qualquer pessoa, porém é substancialmente mais comum em pessoas que necessitam de internação hospitalar. Para exemplificar, na população geral sua ocorrência é de 16 a cada 100.000 pessoas, ou seja, 0,16%, uma incidência relativamente baixa. Se considerarmos por exemplo pessoas submetidas a uma cirurgia para colocação de prótese de quadril, sua ocorrência pode chegar a 70% dos pacientes caso não sejam instituídas medidas adequadas de prevenção da TVP; um número alarmante!

 Pós-operatório: Cirurgias de grande porte, sobretudo as que são realizadas em condições de emergência, são altamente de risco para a ocorrência de TVP.
Imobilizações: Pacientes acamados, sobretudo os hospitalizados, mesmo que seja para tratamentos não relacionados a procedimentos cirúrgicos, estão expostos a risco considerável de desenvolver TVP. Mesmo imobilizações de membros, que podem parecer inocentes, para tratamento de entorses ou fraturas aumentam o risco de TVP.

 Traumatismos: Pessoas vítimas de acidentes estão entre os mais suscetíveis à ocorrência de TVP.
Câncer: Ocorrência de câncer e sobretudo durante quimioterapia é altamente de risco para TVP.
Obesidade: Quanto maior o índice de massa corporal, maior o risco de TVP.
Idade: TVP é um problema que aumenta com a idade. Crianças e adolescente raramente desenvolvem TVP, já os idosos, principalmente sob tratamentos médico-cirúrgicos são os mais susceptíveis.
Gravidez e período pós-parto: O risco aumenta substancialmente durante a gravidez, e mais ainda nos primeiros 40 dias pós-parto.

 Pílula anticoncepcional: Uso dos contraceptivos orais contendo estrógenos e progesterona aumenta substancialmente o risco de TVP, pior ainda se a mulher for fumante. Cigarro e pílula é uma mistura catastrófica! Converse com seu ginecologista sobre outros métodos contraceptivos. DIU, com ou sem liberação de hormônios, é muito mais seguro.
Predisposição familiar: Existem condições geneticamente determinadas que estão relacionadas a aumento de risco para TVP. Geralmente determinam TVP em pessoas jovens, mesmo sem outros fatores de risco, ou seja, relacionam-se a tromboses venosas espontâneas.


Eliane Honorato: Como é o tratamento?
Rogério Abdo Neser: O tratamento de escolha para a trombose venosa é feito através da administração de anticoagulantes, medicamentos que reduzem a coagulabilidade do sangue, e que podem ser administrados de várias formas, endovenosa, injeções subcutâneas ou via oral, dependendo do caso e de acordo com a experiência de cada médico. O tempo de tratamento, em geral, é de 3 a 6 meses. Atualmente, novos anticoagulantes permitem o tratamento ambulatorial, ou seja, sem necessidade de internação hospitalar, algo impensável há 15 ou 20 anos atrás.


Eliane Honorato: Essa doença tem cura?
Rogério Abdo Neser: O conceito de cura para trombose venosa é muito relativo, pois na verdade o tratamento é direcionado para dissolução do coágulo que se forma dentro da veia, o que muitas vezes acontece apenas parcialmente. O mais importante é se considerar os fatores que levaram ao aparecimento desta trombose e tentarmos evitá-los para que não ocorra uma nova trombose venosa no paciente. Caso a pessoa seja portadora de algum defeito genético da coagulação, obviamente não conseguimos alterar o DNA da pessoa, nestes casos muitas vezes devemos manter o paciente tomando anticoagulante pelo resto da via. 

Eliane Honorato: Essa doença pode ter complicações? 
Rogério Abdo Neser: A trombose venosa profunda pode gerar complicações, por isso nos preocupamos com o diagnóstico e tratamento precoces e principalmente com a prevenção. As duas principais complicações relacionadas ao evento, uma aguda e outra crônica, são respectivamente a embolia pulmonar e insuficiência venosa crônica.
Embolia pulmonar: A embolia pulmonar ocorre quando há o desprendimento de um fragmento do coágulo do local da trombose e esse trombo então se desloca pela circulação até se alojar nos pulmões. A embolia pode ser um evento sem sintomas, ou com sintomas muito leves, ou até levar a morte, dependendo da extensão do coágulo que se desprende. Se ocorrer, isso geralmente acontece até o 14o. dia do início dos sintomas, o período mais crítico para a doença. Caso seja diagnosticada precocemente e adequadamente tratada, a trombose venosa tem uma evolução geralmente benigna, sem provocar embolia pulmonar. Já em alguns casos, o primeiro sintoma já é a embolia.
Insuficiência venosa crônica: A complicação crônica, aquela que ocorre tardiamente, não leva à morte, porém pode ser bastante desagradável e se manifestar pelo aumento de varizes na perna acometida (geralmente as tromboses venosas ocorrem nas pernas) e pode levar ao desenvolvimento de úlceras varicosas, aquelas feridas relacionadas às varizes.

Eliane Honorato: Como prevenir a Trombose Venosa Profunda?
Pessoas com fatores de risco para TVP, principalmente pacientes internados, devem entrar em programas de profilaxia de TVP. Em geral, em pacientes internados, fazemos a prevenção através da administração de anticoagulantes, que muitas vezes devem ser continuados após a alta hospitalar. Caso precise de algum tratamento em regime de internação hospitalar, não deixe de perguntar a seu médico sobre a prevenção da TVP. Não se esqueça de tentar manter um programa de atividades físicas regular e manter seu peso dentro de limites aceitáveis para sua idade e biotipo, pois o controle da obesidade e fortalecimento da musculatura das pernas é importante para a circulação.
 

19/02/2018 às 12:00 Saúde Nenhum comentário
Eliane Honorato

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Alyne Cervo

Alyne Cervo

Desde pequena tinha o sonho de ser jornalista. Sempre fui muito falante, curiosa e gostava de me manter informada. Quando pude optar qual a profissão que iria seguir, o jornalismo foi a minha opção. Agora tenho o compromisso de informar vocês.

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